23% dos veículos em circulação em Portugal são anteriores a 2010. Média europeia nos 14%
Mercado automóvel ainda não regressou aos níveis pré-Pandemia

Mercado automóvel: os anos passam, os altos e baixos são os mesmos…

By on 5 Outubro, 2023

Há 20 anos, o ano de 2003 foi o pior dos anteriores catorze, quando três anos antes tinha chegado quase aos 300.000 veículos ligeiros vendidos. Vinte anos depois, estamos a três meses do fim do ano e 13.9% atrás de 2019, o que significa que deve ficar pouco acima dos 200.000 automóveis.

Mais 8.000 que há 20 anos. Face aos números de 2018, há cinco anos, deixaram-se de vender 24.000 automóveis ligeiros por ano…

O tempo passa, há coisas que nunca mudam, outras mudam para bem pior.

Mesmo quando já estavam más.

Há precisamente 20 anos, sobre o mercado automóvel em Portugal, em janeiro de 2003 demos à estampa o resumo do ano de 2003, e esse tinha sido “o pior ano dos últimos catorze. Era essa a expressão mais definitiva para fazer o balanço de um ano ‘negro’ para o mercado automóvel nacional, que atingiu mínimos históricos nos gráficos de vendas, colocando em sérias dificuldades muitas empresas do sector automóvel nacional, e em risco centenas de postos de trabalho.

No ano de 2003 foram vendidos em Portugal 258.858 veículos ligeiros, o que significava uma quebra de 15,2 por cento em relação ao volume global de vendas e, o que é ainda mais expressivo, menos 37 por cento de automóveis novos vendidos do que no ano de 2000.

Pela ACAP, se for comparado o valor médio das vendas referente a dezembro dos últimos 14 anos, o aparente crescimento desta espiral negativa resulta da conjugação de várias forças ‘obscuras’, com a pesada carga fiscal sobre o automóvel e a difícil situação económica do País a serem apontados pela generalidade dos analistas como as principais causas da crise instalada no comércio automóvel nacional.

Era uma crise de diferentes escalas. Este cenário depressivo afetou a generalidade das marcas representadas em Portugal, ainda que com ‘queimaduras’ de grau diverso, consoante o próprio momento de forma.

Destaque para as marcas francesas, que no bom estilo de ‘irredutíveis gauleses’ foram as que melhor resistiram à crise, ao contrário dos principais generalistas alemães, que atravessaram em 2003 um penoso deserto.

A Renault voltou a ser a marca mais vendida em Portugal, colocando de novo o Clio como o automóvel mais vendido, num ano em que os familiares médios voltaram a merecer a crescente confiança dos portugueses, pelo menos a julgar pelos resultados do Peugeot 307 e do Renault Mégane. No Top 10 de marcas mais vendidas em Portugal não houve uma única que registasse números de vendas superiores a 2002, mas apenas cinco registaram quebras inferiores ao decréscimo médio do mercado (-15,2 por cento). Foram elas as três francesas – Renault, Peugeot e Citroën – e duas alemãs de prestígio -Mercedes e Audi. Esta variação teve reflexos óbvios nas taxas de penetração no mercado das principais marcas, um dos vetores mais importantes para diagnosticar o momento de forma de cada marca em determinado mercado.

Assim e tendo como referência o Top 10, as supra-citadas cinco marcas aumentaram a sua quota de mercado, com destaque para a Renault (+1,67 por cento), Peugeot (+0,77 por cento) e Mercedes (+0,56 por cento). Pelo caminho inverso andaram outras cinco marcas, todas elas perdendo quota de mercado, com destaque para a Volkswagen (-1,96 por cento), Opel (-1,21 por cento) e Fiat (-0,99 por cento). Estas fortes perdas de quota de mercado foram ainda aproveitadas por outras marcas que, apesar da crise, souberam aumentar a sua taxa de penetração, com destaque para as marcas asiáticas — Honda, Nissan, Mitsubishi, Mazda, Hyundai, Daewoo e Kia — todas elas em crescendo, mas com a Mazda a assumir-se como uma das ‘marcas-estrela’ de 2003, ao registar um espetacular crescimento de 146,3 por cento no volume global de vendas, que lhe permitiu aumentar a sua cota de mercado em 0,84 por cento, absorvendo assim 1,27 por cento do volume global de vendas em 2003. A extraordinária e bem sucedida ofensiva de produto com o Mazda6, Mazda2 e Mazda3 a render os seus frutos. Como curiosidade, refira-se que o ano de 2003 não foi propriamente de colheita generosa para a Ferrari, já que se venderam apenas dez – menos treze do que em 2002.

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