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By on 27 Agosto, 2023

É verdade que talvez chamar clássico Austin Metro seja é quase uma heresia, pois o seu valor histórico é quase nulo. Porém, o Metro durou 18 anos, vendeu mais de duas milhões de unidades e,

dentro das suas limitações, ainda deu origem a um dos mais espetaculares carros de ralis jamais criados: o MG Metro 6R4. Recuando ao final da década de 70, a Austin Rover, divisão do grupo British Leyland (BL), pensou em criar um citadino para complementar a oferta do já desgastado Mini.

O LC8, nome de código, começou então a ser burilado a partir de 1977 quando a Austin Rover decidiu deixar de lado o projeto de substituto do Mini. Dinheiro e criatividade não abundavam na marca e por isso, os técnicos olharam para o que existia na época e pegando no motor (o 998 cc e o 1275 cc A-Series), transmissão, caixa de velocidades e sub-chassis da suspensão do Mini e criaram o LC8.

É verdade que o Metro tinha alguma originalidade, nomeadamente a suspensão Hydragas herdada do Allegro mas sem interligação entre os dois eixos. Como o que mais se vendia na altura eram os dois volumes com um grande portão traseiro, foi esse o caminho seguido para o Metro.

A expectativa em redor do modelo era grande, muito por culpa da BL ter uma gama de modelos velha, tecnologicamente arcaica, surgindo o Metro como a lufada de ar fresco (e forma de ganhar dinheiro). O sucesso foi uma realidade, pois o carro tinha um interior surpreendentemente espaçoso e a suspensão Hydragas acabava por dar-lhe um comportamento e um conforto muito aceitáveis para a época. E apesar dos motores estarem longe de ser uma montra tecnológica, a verdade é que eram fiáveis e económicos. O Metro liderou as vendas no Reino Unido durante algum tempo, até ser passado pelo Ford Fiesta.

O sucesso levou a marca a alargar a gama e surgiu então a inevitável versão Vanden Plas – as madeiras e os cromados, além de algum exotismo e equipamentos inesperados num citadino… – e o desportivo MG que tinha esse epíteto apenas por deferência com a sigla MG. Chegou a existir um MG Metro Turbo (94 cv), com velocidade máxima de 185 km/h e muitas modificações na suspensão (com barra estabilizadora atrás) e na caixa de velocidades, mas com um comportamento nada tranquilizador. Com o passar do tempo, o estilo foi sendo retocado, para no final de 1987 a Austin desaparecer e nascer o… Metro.

Até 1990, a Rover não quis colocar o seu nome no citadino e durante esses três anos o modelo foi vendido como Metro e em alguns locais como Mini Metro. Finalmente, em 1990, a Rover colocou o seu nome no Metro. Mas fê-lo depois de rever bastante o modelo original e colocar-lhe novos motores. Os blocos K-Series foram usados com potências entre os 95 e os 103 cv, acoplados a caixas do grupo

PSA. O bloco 1.4 TUD do grupo francês também chegou ao Metro.

O grande problema foi, porém, a impossibilidade de mudar o estilo do modelo. Uma verdadeira revolução estava prevista e chegou a ser feita uma maqueta para apreciação, mas Graham Day, CEO da Rover não deu a luz verde pois a British Aerospace, dona da Rover, recusou-se a gastar dinheiro no projeto. Mesmo assim, o Metro conseguiu níveis de vendas decentes até que em 1994 mudou outra vez de nome, para Rover 100.

Muitas mudanças cosméticas e um novo motor Peugeot de 1.5 litros Diesel, disfarçavam a idade do projeto. Porém, não a escondiam e demasiados pormenores deixavam à vista que este não era mais que um “restyling” do velhinho Metro.

E tudo ficou pior quando nos testes EuroNCAP, o Metro quase se desfez, tendo a má fama de ser o único modelo (agora tendo a companhia dos Brillance e Chery chineses) a receber uma estrela na proteção dos adultos. Este resultado, uma indústria que avançava furiosamente depressa com modelos novos cada vez mais sofisticados e o gigante colapso nas vendas, condenou o Rover 100 após 18 anos de produção.

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