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Hidrogénio: É ou não o combustível do futuro?

By on 22 Abril, 2024

A indústria automóvel vive tempos deveras interessantes, com várias propostas para o futuro da mobilidade. Qual o combustível do futuro? Qual a opção que se vai destacar? Será o hidrogénio a melhor solução?

Os Veículos Elétricos têm sido alvo de grandes apostas por partes dos principais construtores de automóveis. A revolução na mobilidade tem levado muitas marcas a apostarem forte na evolução de baterias e de tecnologia que pode ser usada nos carros elétricos. No entanto, outras marcas, como a Toyota, que continua a afirmar que o motor de combustão está longe de ter os dias contados, continuam a melhorar os seus números. Quase em bicos de pés, a Toyota foi subindo no top das marcas mais vendidas e é agora a segunda marca mais vendida na Europa nos últimos dois anos, ultrapassando os concorrentes. O foco na tecnologia híbrida, enquanto outros dão prioridade aos veículos elétricos (VE) poderá ser um fator a ter em conta.

O hidrogénio continua a ganhar força, apesar de a um ritmo bem menos intenso que os EV. À medida que a indústria automóvel continua a procurar alternativas sustentáveis e amigas do ambiente para os combustíveis fósseis tradicionais, o combustível hidrogénio surgiu como um candidato promissor. Com zero emissões e o potencial para tempos de reabastecimento rápidos, os veículos a célula de combustível de hidrogénio (fuel cell vehicles – FCV) oferecem uma solução interessante para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e a dependência de recursos não renováveis, sem alterar de forma profunda o dia a dia dos condutores. No entanto, como qualquer tecnologia emergente, o combustível de hidrogénio também tem o seu próprio conjunto de desafios e limitações.

Vantagens

Uma das vantagens mais significativas do combustível hidrogénio é o seu perfil de emissões limpas. Os veículos a pilha de combustível a hidrogénio produzem apenas vapor de água e calor como subprodutos, o que os torna uma opção atraente para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e combater a poluição atmosférica. A isto junta-se uma maior praticidade. Ao contrário dos EV, que demoram mais tempo a recarregar, o reabastecimento de um FCV a hidrogénio é semelhante ao reabastecimento de um veículo a gasolina convencional.

Todas estas vantagens parecem fazer do hidrogénio o combustível certo para o futuro. Mas há desvantagens.

Desvantagens

Um dos obstáculos mais significativos à adoção generalizada dos veículos a pilhas de combustível de hidrogénio é a falta de infraestruturas. Atualmente, as estações de abastecimento de hidrogénio são em número limitado e concentram-se principalmente em regiões selecionadas, o que dificulta o acesso dos consumidores ao combustível para os seus veículos. O custo de aquisição dos veículos a pilhas de combustível de hidrogénio tendem a ser mais caros do que os seus equivalentes a gasolina ou a bateria elétrica.

Mas o maior problema desta tecnologia será talvez a sua produção. Embora o hidrogénio em si seja abundante, os métodos utilizados para o produzir requerem frequentemente um consumo significativo de energia. Já começam a surgir novas ideias e notícias há alguns meses que investigadores da Universidade de Stanford, em colaboração com a Universidade de Oregon e a Universidade de Manchester, estudaram e desenvolveram um método de extração de hidrogénio da água do mar, num processo inovador que evita a formação de subprodutos nocivos. Mas mesmo que se consiga extrair o hidrogénio de forma mais eficiente e com menos energia despendida, o seu transporte e principalmente armazenamento são problemáticos. São necessárias alta pressão (até 700 bar) para ser viável para uso em veículos, ou então a liquefação do hidrogénio (arrefecimento até aos -253°C). Em ambos os casos, os processos exigem muita energia e estruturas adaptadas para tal. No mundo atual, temos de falar de eficiência energética e todo o processo de produção e distribuição torna o hidrogénio muito menos energético que os carros elétricos. No caso dos veículos a hidrogénio, a eficiência cai para metade, face aos EV. Ainda assim, mais eficiente do que o caso dos carros com motor a combustão.

Por fim, a questão da segurança. Já todos os condutores têm cuidados com os combustíveis, mas o hidrogénio é altamente inflamável e requer um manuseamento e armazenamento ainda mais cuidadosos. Toda a tecnologia e verificações de segurança para manter todos os sistemas acabam por aumentar os custos de utilização. E até já há estudos que olham com alguma preocupação para os efeitos da acumulação de hidrogénio no ambiente.

Com isto, pode parecer que a balança pesa mais contra o hidrogénio do que a favor. A tecnologia pode evoluir e o hidrogénio poderá ser a solução do futuro, embora a maioria acredite que o futuro será feito com várias soluções e não apenas uma. No estado atual das coisas, não é fácil ver o hidrogénio como um combustível verdadeiramente capaz de se destacar de forma clara na mobilidade. Mas a evolução tecnológica poderá abrir mais essa porta. Os elétricos estão mais fortes agora, pois há muita vontade política por trás da sua evolução. Há apoios estatais que impulsionaram de forma muito forte a evolução dos elétricos. Se o mesmo tivesse sido feito com o hidrogénio, será que a narrativa seria diferente agora? Não sabemos. Mas com os dados que temos agora, os elétricos levam já uma boa vantagem.

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