Como prolongar a vida do seu carro elétrico?
Estudos mostram impacto positivo dos carros elétricos no ambiente

Os carros elétricos são mais amigos do ambiente que os carros com motor térmico?

By on 27 Março, 2024

É um dos pontos mais referidos pelos defensores dos motores a combustão, quando se fala de mobilidade elétrica: será que os carros elétricos são de facto mais amigos do ambiente? Um estudo recente da BloombergNEF diz que sim.

Num mundo em que as posições extremadas ganham tração muito mais rapidamente do que as posições moderadas e por vezes vemos autênticos “fight clubs” entre os defensores dos elétricos e os defensores dos motores térmicos. A mobilidade está a mudar e os motores térmicos tal como os conhecemos estão a mudar, para melhor, tornando-se mais eficientes, muitas vezes com a ajuda da eletrificação. A posição mais sensata será mesmo a moderada, em que todas as opções são válidas, umas fazendo mais sentido que outras, dependendo de cada situação. Mas há por vezes argumentos usados para defender uma ou outra posição que se afastam da verdade. Um desses argumentos é que os carros elétricos são menos amigos do ambiente do que os carros com motor térmico. As análises que vão sendo feitas sobre este tema mostram que isso se afasta da verdade.

Um estudo feito pela BloombergNEF mostra que, apesar dos elétricos emitirem mais CO₂ na sua fabricação, conseguem minimizar essas emissões ao longo do seu uso, tornando o seu impacto na natureza muito menor. O estudo compara a pegada de carbono de automóveis que percorrem 250 mil km. O começo de vida dos elétricos é claramente desfavorável, com muito mais emissões de CO₂, devido à produção de baterias. No entanto, as emissões são reduzidas drasticamente com o uso dos veículos.

A BloombergNEF analisou cinco regiões diferentes: os EUA, a China, a Alemanha, o Reino Unido e o Japão. Em qualquer um destes mercados, as emissões de CO₂ durante o ciclo de vida de um elétrico de média dimensão fabricado atualmente e conduzido durante 250 000 quilómetros seriam

27 a 71% inferiores às de veículos com motor térmico equivalentes.

Para que o nível de emissões entre o térmico e o elétrico seja equivalente, o condutor do veículo elétrico precisa de fazer 41.000 km – ou em cerca de dois anos de condução, assumindo uma distância média anual percorrida de cerca de 19.000 km. A partir daí, o impacto do elétrico no meio ambiente será sempre menor que o do motor térmico. Na China, entretanto, a distância de equilíbrio cairia para 118.000 km, ou seja, após cerca de 10 anos, devido à rede elétrica da região, que é muito rica em combustíveis fósseis.

Nos cinco mercados analisados, o ponto de equilíbrio do ciclo de vida desce para entre um e quatro anos para um elétrico fabricado em 2030, já contando com novos processos de fabricação, mais eficientes. Um condutor nos EUA só terá de percorrer cerca de 21 000 quilómetros, ou seja, cerca de um ano de condução, para que um elétrico seja mais limpo do que um carro com motor térmico. Um condutor na China continuaria a precisar de mais tempo do que os condutores das outras áreas inquiridas, mas seriam necessários apenas 53 000 km – ou pouco mais de quatro anos – para atingir o ponto de equilíbrio.

O estudo olha também para os períodos de carga dos elétricos e aponta para que, nas áreas estudadas, poderá ser melhor para o ambiente carregar o carro de dia, por altura em que as energias renováveis fornecem mais eletricidade à rede.

Em resumo, sim, é verdade que os elétricos emitem mais no início do seu ciclo, mas, dependendo de onde são usados, são rapidamente ultrapassados pelos motores térmicos no que diz respeito a emissões de carbono. Quanto mais “verde” for a rede elétrica, mas rapidamente isso acontece. O caso português, com a produção renovável a abastecer 61% do consumo de energia elétrica em Portugal em 2023, permite que muito rapidamente os elétricos que por cá circulam passem a ter um impacto bem menor do que os veículos com motores térmicos. E a tendência, como se vê no estudo, é o período diminuir ainda mais, com a reciclagem de baterias, com a reutilização de materiais, numa economia circular que dá agora os primeiros passos, mas que poderá fazer baixar ainda mais as emissões totais dos elétricos.

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