BYD: 1000 veículos vendidos em Portugal
Custo dos elétricos é a maior barreira à sua aquisição em Portugal

Já há 23 dos países com mais de 5% de carros elétricos, Portugal ainda longe desse valor

By on 28 Agosto, 2023

Muita da tecnologia que hoje usamos diariamente foi em tempos vista de forma negativa ou ainda com muitas reticências. Mas chega um ponto em que um número mínimo de pessoas adota a tecnologia e, a partir daí, os números crescem. É o mesmo com os elétricos. Há de chegar um ponto em que o número de pessoas a escolher veículos elétricos será suficiente para influenciar outros a fazer o mesmo. Há sempre os pioneiros que querem descobrir as novas tecnologias, mas a maioria espera pelo”feedback” de quem já usa. As palavras bonitas das marcas não chegam para convencer e muitas pessoas, que esperam por ouvir de viva voz como é a experiência, como se faz e quais as implicações.

Há um número chamado “ponto de viragem” em que o número de elétricos adotados é o suficiente para servir de catalisador para a mudança. Com 5% de carros elétricos no parque automóvel, os especialistas acreditam que a mudança de paradigma irá acontecer de forma mais rápida. Segundo a Bloomberg Green, já há 23 países em que esses 5% já foram atingidos.

Assim, há 23 países (EUA, Canadá, Canada, Austrália, Tailândia, e a maioria dos países da Europa, com a Espanha e a Hungria a entrarem recentemente neste clube) onde essa margem dos 5% já foi atingida, esperando-se, por isso, um crescimento mais acentuado da adoção dos carros elétricos.

E o caso português?

Basta andar pelas redes sociais para entender que os carros elétricos são um tópico sensível. Para uns, os elétricos são a tábua de salvação e mais nada faz sentido, para outros os elétricos são uma abominação que faz sentido apenas para muito poucos. Como em muitas coisas que vemos nas redes sociais, a resposta está a meio. Mas nota-se claramente que o consumidor português desconfia muito dos elétricos e o caso luso ainda está longe dos ditos 5%.

Segundos dados da ACAP de janeiro a julho foram matriculados 142 105 novos veículos ligeiros. Desses, 14,8% eram elétricos, 35,6% a gasolina, 21,4% a gasóleo, 10,0% PHEV a gasolina e 11,9% Híbridos simples. Os números de 2023 face a 2022 mostram um aumento substancial da entrada no parque automóvel nacional de novos veículos elétricos. O mês de março serve como bom exemplo, sendo que em 2022 e 2023 foi o mês em que mais carros elétricos foram matriculados. Em 2022 foram 1703, em 2023 foram 3549.

Mas foi precisamente em março que o ACP publicou um estudo com dados interessantes. Com o nome “Mobilidade Elétrica em Portugal” o estudo permitiu entender que apenas “2% possui carro elétrico” sendo “sobretudo homens, os mais velhos, da região Centro e da classe alta. A grande maioria dos veículos elétricos têm menos de 5 anos (86%). Maioria efetua, em média, mais de 400km por mês com o veículo elétrico (59%) e faz viagens curtas (58%) e sendo pouco frequentes as viagens superiores a 90km. Maioria faz entre 1 e 3 carregamentos semanais (65%) e gasta até 7€ por carregamento em casa (54%) e até 50€ mensais (58%)”. No mesmo estudo aponta que 55% dos inquiridos dizem ser provável comprar um carro elétrico no futuro, mas o preço e a autonomia são os principais entraves.

Assim, vemos que o mercado dos elétricos cresce a bom ritmo, e que tem muitos potenciais interessados, mas ainda estamos longe dos tais 5%, com apenas 2% de carros elétricos em Portugal (em março deste ano). Se os números atuais mostram uma tendência de crescimento do mercado dos elétricos no nosso país, não podemos esquecer que há flutuações na procura global e que o mercado elétricos perdeu alguma força nos últimos tempos, muito por culpa da inflação que fez os potenciais comparadores refrear as intenções. Quando Portugal irá chegar aos tais 5%? Difícil de saber para já. Será que os 5% irão de facto potenciar um aumento dos números. Depende de muitos fatores, pois não podemos esquecer que tecnologias alternativas aos elétricos continuam a ser desenvolvidas. Mas a “moda dos elétricos” apesar de ganhar força no nosso país, não parece ter ainda força suficiente para motivar uma revolução na mobilidade, pelo menos a curto prazo.

Imagem de senivpetro no Freepik
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