E se o seu seguro ficar mais caro, pois o seu carro cedeu informações à seguradora?
Não se trata de uma realidade distante em que o “Big Brother” vigia como conduz. Isto já acontece e pode mudar a forma como a relação entre as seguradoras e os clientes acontece.
Há algumas semanas, demos conta que a Volvo não pretendia cobrar um extra por certas subscrições. Muito se tem falado dos software-defined cars ou, traduzido à letra, carros definidos pelo Software. Falamos também recentemente de como as marcas olham para isto como uma oportunidade de ganhar (muito) dinheiro, com a subscrição de serviços nos automóveis. Mas a Volvo olha para esta questão de forma diferente. A Volvo pretende usar a informação recolhida para oferecer outros serviços, feitos à medida, com o CEO da Volvo, Jim Rowan a colocar em cima da mesa a hipótese de a própria marca disponibilizar seguros.
Ora já há muitas seguradoras pelo mundo e estas estão ávidas de informação. Um artigo do New York Times, destacado pelo Carscoops, aponta que algumas marcas já estarão a receber informação privilegiada das marcas, o que está a mudar o valor dos seguros para alguns condutores. Marcas como a GM estão a vender os dados recolhidos através de aplicações como o OnStar Smart Driver a empresas de corretagem de dados, que são depois utilizados pelas seguradoras para determinar as taxas.
O problema é que muitos dos proprietários nem sequer sabem que os seus dados estão a ser compartilhados, tal como um proprietário da Cadillac na Flórida que teve o seguro negado por sete empresas devido a travagens bruscas e alta velocidade registadas pelo carro, mesmo alegando nunca ter se inscrito no programa.
Segundo o artigo, a General Motors admitiu ao NY Times que partilha “informações selecionadas” (travagem, aceleração e velocidade elevadas) bem como sobre o tempo de condução, mas afirmou que os clientes concordam em partilhar os seus dados quando assinam o acordo de utilização. Ou seja, os condutores assinaram um acordo sem perceber que cediam os seus dados. Outros fabricantes de automóveis com aplicações inteligentes, como a Kia, a Mitsubishi, a Hyundai, a Honda e a Acura, também têm aplicações de feedback do condutor que partilham dados com corretores, sendo que algumas delas têm acordos específicos para esta cedência de dados, ou seja, os clientes não são apanhados desprevenidos.
Diante da falta de transparência sobre o uso dos dados, o senador Edward Markey pediu à FTC (Comissão Federal de Comércio) para investigar a recolha de dados dos condutores. Mesmo defensores do seguro baseado no uso argumentam que a monitorização sem conhecimento perde o propósito de incentivar a direção segura. Para já este caso está a ser falado nos EUA, mas esta realidade de partilha de dados pode começar a ser uma realidade de forma global.
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