Combustão, híbridos, elétricos, hidrogénio, e-fuels, etc: qual é o caminho? A resposta que é difícil de dar…
Hidrogénio: É ou não o combustível do futuro?

Até que ponto os automóveis elétricos são limpos?

By on 25 Junho, 2023

Há muito que sabemos que medir a pegada de carbono de um carro elétrico não deve ser feita apenas à saída do ‘escape’ mas sim contando com toda a ‘vida’ de um veículo desde a sua produção. Não restam dúvidas a ninguém que já se tenha informado minimamente que os carros elétricos poupam significativa quantidade de CO2 em comparação com os automóveis a gasóleo e a gasolina, mas para responder quanto, é preciso ir mais longe…

Se quiser somente a versão curta, tendo em conta todos os critérios possíveis e imaginários, começando na forma como a eletricidade é produzida ou o combustível é queimado, bem como o impacto do carbono da extração de recursos para as baterias ou da construção de uma central elétrica, em média, na Europa emitem, os carros elétricos têm uma pegada de carbono de 3 vezes menos CO2 do que os carros a gasolina equivalentes.

Mas aqui pelo meio ainda há muito para ‘desbravar’, pois há claramente diferenças entre um carro elétrico produzido na China e conduzido na Europa e um carro elétrico, levando o melhor exemplo ao extremo, um automóvel elétrico com uma bateria produzida na Suécia e conduzido na Suécia. No primeiro caso, a diferença para um motor de combustão equivalente, emite menos 37% de CO2 do que um carro a gasolina, no melhor dos casos, o ‘tal’ feito e guiado na Suécia, emite menos 83% de CO2 do que o automóvel a gasolina equivalente. E as marcas estão a trabalhar para tornar estes números ainda mais ‘afastados’, pois estão cientes que nos carros elétricos não é tudo ‘rosas’, porque é impossível com a tecnologia que existe hoje no mundo, com ‘coisas’ em escala, não emitir carbono para a atmosfera.

Os veículos elétricos ficarão consideravelmente mais limpos nos próximos anos, à medida que a economia da UE se descarboniza, e muito rapidamente serão mais de quatro vezes mais limpos do que os seus equivalentes convencionais em 2030.

Veja-se o exemplo da Volvo com o seu novo EX30, que tem a pegada de CO2 mais baixa de sempre para a marca.

Gerindo as emissões produzidas ao longo de todo o ciclo de produção e de vida do EX30, a Volvo conseguiu reduzir a sua pegada de carbono total ao longo de 200.000 km de condução para menos de 30 toneladas. Trata-se de uma redução de 25% em comparação com os outros dois modelos 100% elétricos, o Volvo C40 e o Volvo XC40. Um grande passo rumo ao objetivo da marca de reduzir as emissões totais de CO2 por automóvel em 40% entre 2018 e 2025.

Mas, para reduzir a pegada de carbono global de um automóvel, a eletrificação por si só não será suficiente. Um automóvel não é apenas conduzido, é também projetado, desenvolvido, construído e transportado – e todas estas etapas constituem oportunidades para reduzir ainda mais as emissões de gases com efeito de estufa.

“O nosso novo EX30 é um grande passo para os nossos objetivos de sustentabilidade. Até 2025, pretendemos reduzir as nossas emissões globais de CO2 por automóvel em 40% em relação aos níveis de 2018, através de uma redução de 50% nas emissões globais de escape e de uma redução de 25% nas emissões das nossas operações, fornecimento de matérias-primas e cadeia de fornecimento – tudo isto com vista a sermos uma empresa ambientalmente neutra até 2040”, diz Anders Kärrberg, – Global Head of Sustainability da Volvo Cars

Mas como conseguiu a Volvo Cars reduzir a pegada de CO2 do Volvo EX30 para 75% face aos seus atuais modelos elétricos?

Em primeiro lugar, produzir um automóvel mais pequeno significa que será necessário menos material, menos alumínio e aço, dois dos maiores causadores de emissões de CO2 relacionadas com a produção.

Por outro lado, ao passo que utilizou menos aço e alumínio na produção do novo pequeno SUV, a Volvo utilizou também mais material reciclado. Cerca de um quarto de todo o alumínio utilizado na construção do automóvel é reciclado, tal como cerca de 17% de todo o aço utilizado, o que permitiu reduzir ainda mais o impacto ambiental desses materiais.

Esta abordagem continua no interior, porque o componente mais sustentável é aquele que não existe. Ao utilizar a otimização como princípio orientador do design sustentável, os designers da Volvo conseguiram combinar múltiplas funções no interior do Volvo EX30 num só componente. Isto reduz o número de peças necessárias no interior sem comprometer a funcionalidade.

O material utilizado no Volvo EX30 é outro contributo para uma forma mais sustentável de produzir novos automóveis. Cerca de 17% de todos os plásticos do automóvel, desde os componentes interiores aos para-choques exteriores, são reciclados – a percentagem mais elevada comparando com qualquer outro automóvel Volvo até à data.

Outra área crucial para a redução de emissões é a cadeia de fabrico onde o fornecimento de energia limpa desempenha um papel preponderante. O Volvo EX30 será construído numa fábrica alimentada por elevados níveis de energia ambientalmente neutra, onde se incluindo 100%da eletricidade utilizada.

Quanto à cadeia de fornecimento, a Volvo contactou os seus fornecedores tendo 95% assumido o compromisso de utilizar energia 100% renovável na sua produção até 2025 –estando muitos desde já a fazê-lo. Isto reflete a ambição da marca para não só reduzir as emissões nas suas próprias operações, mas também de encorajar os seus parceiros a fazer o mesmo.

O processo de fabrico do Volvo EX30 foi também otimizado. Isto significa que o automóvel representa uma das taxas mais elevadas de sempre de utilização de material em peças estampadas da carroçaria durante o fabrico.

E, à medida que a Volvo continua a enfrentar o desafio do rastreio dos materiais, especialmente quando produz as baterias para o Volvo EX30, a tecnologia blockchain assume o seu papel ajudando a rastrear a origem de matérias-primas críticas, que agora incluem lítio, manganês, cobalto, grafite e níquel.

No interior, a Volvo Cars utilizou uma vasta gama de materiais reciclados e renováveis para os bancos, para o tablier, e para as portas, incluindo materiais como a ganga, o linho e uma mistura de lã que também contém cerca de 70% de poliéster reciclado. A ganga é, em particular, um bom exemplo de como utilizar materiais de forma mais inteligente e mais sustentável.

Para criar a decoração interior em ganga, a Volvo utilizou fibras que, de outra forma, seriam resíduos do processo de reciclagem. Quando as calças de ganga são recicladas, as fibras desfiadas são torcidas num fio e as fibras longas ligam-se umas às outras. As fibras curtas, são normalmente desperdiçadas –mas não neste caso pois a Volvo utilizou-as para o design dos interiores.

Este exemplo serve para perceber melhor o que as marcas estão a fazer a este nível. Claro que há diferenças entre elas, mas este exemplo da Volvo espelha bem o que será a bitola do futuro e em muitos casos como este, já do presente.

Ensaios: consulte os testes aos novos carros feitos pelos jornalistas do Auto+ (Clique AQUI)